Miguel do Rio Branco

Quando descobri o artista Miguel do Rio Branco, fiquei impactada com suas fotos de Salvador. Como era possível olhar para aquelas fotos e sentir que aquelas pessoas, aquelas histórias, eram ao mesmo tempo tão próximas e completamente distantes?
Miguel não espetaculariza a dor, a pobreza, a miséria. Ele não a torna bela. Você olha para as fotos e simples vê o que ele viu ali, nu e crú. Alguns amigos que estavam comigo, se sentiram incomodados, passaram direto pois não queriam se sentir mau no museu.
A grande beleza do trabalho é a capacidade de apresentar na fotografia algo que está para além dela. A realidade social daquelas pessoas é dura e dói ter que reconhecer o abismo que nos separa delas. Miguel enquanto artista, fotografa o não dito, o mistério. Sua foto é carregada de subjetividade. Como pode uma foto, que é estática, conter tanto movimento?
Eu vi o meu tema no trabalho dele. Resolvi ligar para conversarmos um pouco e ele me surpreendeu. Disse que nunca estudou, que não trabalha a partir de conceitos e que não teria muito a me dizer sobre meu tema. A conversa foi desenrolando e escutei algumas coisas interessantes sim. Ele me contou o quanto que sua arte é intuitiva. Sobre essas fotos de Salvador, ele disse que um dia estava circulando, viu aquilo tudo, ficou impactado e fotografou. Ele disse que o que o mobilizava tanto, era a questão social com a qual ele se deparava e precisava registrar aquilo, mas que a fotografia foram sendo feitas de maneira muito intuitiva.
Para conhecer sua obra visite o site dele. Tem uns videos muito interessantes.
http://www.miguelriobranco.com.br/portu/cine.asp